Quarteto Fantástico: Primeiros Passos (2025)
- Douglas Moutinho
- 7 de ago.
- 2 min de leitura
Um novo (e retrô) começo para a Primeira Família da Marvel
Quarteto Fantástico: Primeiros Passos (2025) representa não apenas a introdução dos icônicos heróis ao Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), mas também um respiro necessário em meio à saturação do próprio universo ao qual agora pertencem. Em tempos em que a fórmula seriada e interconectada da Marvel começava a exibir sinais de desgaste – especialmente após a saída de personagens centrais como Tony Stark e Steve Rogers –este filme se destaca por um feito raro: funcionar sozinho.

A história acompanha Reed Richards, Sue Storm, Johnny Storm e Ben Grimm – um grupo de astronautas que, após serem expostos a uma tempestade cósmica, retorna à Terra com habilidades sobre-humanas. Mas o que poderia facilmente ser apenas mais uma origem de superpoderes ganha força pela ambientação visual: o longa se ancora em um estilo retrofuturista, inspirado nas ficções científicas dos anos 1960, onde o futuro é visto por lentes do passado — tudo é ao mesmo tempo nostálgico e inovador, criando uma atmosfera única bastante rara atualmente.
Neste cenário vibrante e estilizado, o Quarteto enfrenta não só as mudanças em seus corpos e relações, mas também uma ameaça colossal: Galactus, o devorador de mundos e seu Arauto, Shalla-Bal, vivido por Julia Garner. Ao mesmo tempo que a ameaça é grandiosa, a luta que realmente importa é a interna – manter os laços familiares diante do caos.
É nesse ponto que Quarteto Fantástico: Primeiros Passos surpreende. Apesar de contar com cenas de ação envolventes e efeitos visuais bastante competentes, o coração do filme está em sua moral – e aqui, "moralista" não é um defeito, mas uma qualidade rara. A obra acredita no valor da família de forma quase clássica, mostrando um grupo que não abre mão um do outro, mesmo quando tudo parece perdido. É uma lição simples, mas poderosa, especialmente em um cenário cinematográfico onde os vínculos são muitas vezes descartáveis.
Com personagens bem construídos, um visual cativante e um roteiro enxuto – que ignora por exemplo a origem dos heróis, o filme prova que ainda há espaço para boas histórias dentro do universo Marvel – desde que elas tenham coragem de ser autônomas, com identidade própria. Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é justamente isso: um recomeço, mas com alma.
Crítica de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos (2025), por Douglas Esteves Moutinho