Missão Impossível: o Acerto Final
- Douglas Moutinho
- 1 de jun.
- 2 min de leitura
Ação, emoção e nostalgia
O oitavo e presumivelmente último capítulo da franquia Missão: Impossível, Missão Impossível: o Acerto Final, chega aos cinemas com a tarefa ambiciosa de concluir quase três décadas de narrativa centrada em Ethan Hunt, personagem icônico interpretado por Tom Cruise desde 1996. Dirigido por Christopher McQuarrie, o longa se propõe não apenas a entregar uma sequência de ação satisfatória, mas também a oferecer uma despedida emocional e relevante em meio às transformações contemporâneas do cinema.

A trama dá continuidade direta aos eventos do filme anterior, colocando Hunt e sua equipe frente a uma ameaça global representada por uma inteligência artificial chamada "Entidade". A obra se insere de maneira sutil, mas incisiva, em discussões contemporâneas sobre o papel das IAs na sociedade, explorando seus usos, capacidades e implicações éticas questões cada vez mais debatidas, inclusive no próprio meio cinematográfico. Trata-se de um filme de ação que se engaja com seu tempo sem recorrer a didatismos, o que já o qualifica como uma produção digna de atenção.
Um dos pontos fortes é o amadurecimento do protagonista. Ethan surge mais introspectivo, marcado por uma preocupação acentuada com seus companheiros e pelas implicações éticas de suas escolhas. A fidelidade e a amizade ganham destaque na construção dramática, trazendo uma camada emocional antes mais contida. McQuarrie acerta ao explorar essa faceta do personagem, dando a entender que a missão de Hunt, desta vez, vai além do sucesso operacional: trata-se de proteger os vínculos humanos que construiu ao longo de sua jornada.
Essa dimensão mais emocional é acompanhada por um forte sentimento de nostalgia. Elementos do primeiro filme inclusive aqueles que pareciam secundários são retomados e ressignificados, reforçando a ideia de encerramento. Essa homenagem à própria franquia é bem dosada e eficaz, pois evita o apelo excessivo ao fan service e se integra organicamente à narrativa.

Em termos de ritmo, o filme apresenta oscilações. Embora conte com cenas de ação impressionantes nas quais Tom Cruise, como de costume, realiza acrobacias físicas de altíssimo risco , a cadência geral é menos frenética do que em entradas anteriores da série. Isso não compromete a experiência, mas pode frustrar espectadores que esperam um espetáculo contínuo. Ainda assim, as sequências de ação são visualmente impactantes e justificam plenamente a ida ao cinema.
Em suma, Missão: Impossível Acerto Final entrega um desfecho digno e coerente para a saga de Ethan Hunt. O filme oferece uma combinação equilibrada entre espetáculo e emoção, reafirmando o carisma de Tom Cruise e a relevância de seu personagem no imaginário do cinema de ação. Resta saber se este será, de fato, o último ato ou apenas mais uma pausa em uma missão que, até agora, nunca pareceu realmente impossível.
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