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Bailarina (2025)

O triunfo da ação como arte


Bailarina é a mais recente adição ao universo cinematográfico de ação e ficção neo-noir consagrado pela franquia John Wick, constituindo-se como o quinto longa-metragem da série. Nesta nova incursão, a saga experimenta uma reinvenção ao afastar-se, ainda que parcialmente, de seu protagonista icônico, introduzindo uma figura central inédita em um spin-off que, mesmo autônomo, permanece intrinsecamente ligado ao arco narrativo do personagem interpretado por Keanu Reeves.

Crítica Bailarina (2025)

Nesta ocasião, Ana de Armas dá vida à jovem assassina em formação, Eve Macarro, cuja jornada de vingança tem início ao testemunhar o brutal assassinato de seu pai por um consórcio de matadores profissionais liderado por um enigmático antagonista conhecido apenas como “Chanceler”, papel assumido por Gabriel Byrne. O elenco é enriquecido pela presença de Norman Reedus e pelos retornos marcantes de nomes como Anjelica Huston, Lance Reddick, Ian McShane e do próprio Keanu Reeves.

John Wick consolidou-se como uma referência incontornável no panorama do cinema de ação contemporâneo, especialmente por sua abordagem estética e coreográfica singular. Em um contexto marcado por certa estagnação criativa no gênero, a série emergiu como uma lufada de originalidade, promovendo a revitalização do formato. Em obras dessa natureza, o desafio primordial reside na manutenção da excelência nas sequências de ação, evitando fórmulas desgastadas e investindo em soluções narrativas e visuais ousadas que subvertam os clichês consolidados. Contudo, não basta conceber um roteiro engenhoso; é imperativo que a execução cinematográfica por meio de cortes precisos, enquadramentos expressivos e coreografias meticulosamente elaboradas consiga transpor essa inventividade para a tela de forma impactante e coesa.

Crítica Bailarina (2025)

Tal concepção desestabiliza a visão reducionista que ainda insiste em relegar o cinema de ação a uma posição subalterna, apenas por este se situar dentro da lógica dos grandes blockbusters. A franquia John Wick, contudo, refuta categoricamente tal estigma ao oferecer uma experiência cinematográfica de altíssimo rigor técnico, universalmente acessível e artisticamente legítima. Bailarina honra e perpetua esse legado, apresentando sequências de ação que se destacam não apenas pela intensidade, mas pela originalidade e sofisticação formal.

Além disso, o longa inova ao alçar ao protagonismo uma personagem feminina que comunica com notável veracidade sua motivação emocional e psicológica. Ana de Armas entrega uma atuação potente e autônoma, jamais se escorando na presença de Reeves para conferir legitimidade à sua performance. Bailarina se revela, portanto, um exemplar digno da excelência a que a franquia habituou seu público, reafirmando que, quando concebido com engenho e executado com maestria, o cinema de ação transcende seu estigma comercial e afirma-se, com autoridade, como expressão artística de pleno direito.

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