Elio (2025)
- Douglas Moutinho
- há 3 dias
- 2 min de leitura
O sol, o menino e o vazio do cosmos
Elio (2025), o mais novo filme da Pixar, conta a história de um garoto solitário de 11 anos, Elio, que vive em uma instalação militar junto com a sua tia que trabalha em projetos relacionados à exploração espacial. Certo dia, por acidente, ele é transportado para um conselho intergaláctico formado por seres de todo o cosmos uma espécie de assembleia de civilizações alienígenas. Confundido com o representante oficial da Terra, Elio precisa lidar com o desconhecido, tentando encontrar uma maneira de se conectar com aquelas criaturas enquanto busca compreender quem ele realmente é nesse novo mundo. A metáfora é evidente: mais do que um visitante em outro mundo, Elio é um menino tentando entender o próprio lugar no universo.

A narrativa acompanha sua jornada entre planetas e espécies estranhas, com uma estética colorida e surreal, mas sem perder de vista temas emocionais. No centro da história está sua relação com um simpático alienígena e o desafio de representar um planeta que ele mesmo ainda tenta entender.
Com Elio, a Pixar segue apostando em sua fórmula mais recorrente: um protagonista deslocado, uma jornada de amadurecimento, laços afetivos e a inevitável descoberta de que pertencer é mais importante do que parecer forte. A receita, embora já conhecida, ainda funciona mas não empolga como antes. O estúdio, que tantas vezes redefiniu o cinema de animação, parece agora preferir o conforto do que já sabe fazer bem.
Há, sim, momentos de doçura e leveza, especialmente na relação entre Elio e as criaturas alienígenas que encontra. E o filme acerta ao usar o universo cósmico como espelho das inseguranças do protagonista. O detalhe curioso e bastante criativo é o próprio nome Elio, uma referência direta ao Sol (em grego, “Hélios”), corpo celeste em torno do qual tudo orbita. A escolha não é gratuita: Elio é o centro emocional da trama, e seu brilho interior é o que guia a narrativa até o final.

Apesar disso, o roteiro pouco arrisca. Segue passo a passo a estrutura que já vimos em títulos como Divertida Mente ou Luca: o chamado à aventura, o encontro com o “estranho”, o crescimento emocional e a catarse familiar. Essa previsibilidade esvazia o impacto que a história poderia ter. O universo criado é simpático, mas raso. Pouco se explora das culturas alienígenas, dos conflitos políticos ou das particularidades daquele mundo tudo serve apenas de pano de fundo para o drama humano.
Visualmente, Elio entrega o padrão técnico da Pixar, mas sem inovações marcantes. Os cenários são coloridos e os designs alienígenas são criativos, mas nada que se destaque como uma ruptura estética ou narrativa. A animação permanece dentro de parâmetros já bem definidos pelo estúdio: bonita, eficiente, mas conservadora.
No fim, Elio é um filme agradável, com mensagens tocantes e um protagonista fácil de se identificar. Mas também é mais uma prova de que a Pixar, embora ainda competente, tem evitado se desafiar. É um filme que olha para o céu, mas mantém os pés firmemente presos à fórmula.
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