Longlegs: Vínculo Mortal (2024)
- Douglas Moutinho
- 7 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de set. de 2024
Ao longo da história do cinema é notável que certas tendências começam a ganhar visibilidade e logo as suas possibilidades se esgotam. Longlegs se encontra dentro dessa tendência, batizada por alguns otimistas como terror elevado, psicológico ou qualquer outra denominação que vise desqualificar o gênero terror ou horror como algo menor dentro do cinema. O que é ignorado quando tal nomenclatura é utilizada é que o terror sempre possuiu vários exemplos que apresentam abordagem mais ligada ao suspense ou ao psicológico. O que dizer do clássico O Bebê de Rosemary (1968) de Roman Polanski ou O Homem de Palha (1973) de Robin Hardy? Podemos volta ainda mais no tempo e encontrar já nos anos 30 filmes como Vampyr (1932) do sueco Carl Theodor Dreyer, além de inúmeros outros filmes do gênero que se baseiam em uma estética que valoriza a experiência sensorial.

Longlegs é mais um filme com essa premissa, seguindo uma série de filmes alavancados pela semelhança estética e/ou temática com obras de sucesso de M. Night Shyamalan e Rober Eggers. Essa tendência possui como uma grande característica o mistério em torno de seu enredo, e Longlegs não difere nesse aspecto. O argumento do filme é simples: uma agente do FBI (Lee Harker), interpretada por Maika Monroe, investiga um caso de assassinato em sério realizado por um homicida conhecido como Longlegs. As investigações sugerem que o homicida consegue realizar os atos estando ausente dos locais dos crimes, sempre envolvendo uma família com um pai, uma mãe e uma filha. Cabe a Harker desvendar os mistérios em torno desses eventos, travando uma batalha interna e externa entre a razão e o desconhecido. Além de Monroe, Nicolas Cage e Alicia Witt completam o elenco principal.

Dirigido por Oz Perkins, o filme possui uma estética que corrobora a sua proposta. Embora não seja um filme genuinamente inventivo, utiliza bem as ferramentas da fotografia e da montagem para, justamente, trabalhar com o suspense e o mistério que perseguem a protagonista. A iluminação utilizada por Perkins é demarcada, isolando a protagonista geralmente com uma luz sofisticada geralmente dourada. Essa sensação de isolamento é novamente ressaltada pelos enquadramentos e movimentos de câmera rigorosos, frequentemente fixos. Em vários momentos, a câmera de Perkins evita travellings ou movimentos bruscos, como se rejeitasse um maior envolvimento com os eventos por ela captados. Ao invés do movimento, a câmera se aproxima através de zoom ou gira em torno de seu próprio eixo, evitando novamente uma aproximação real com a história. Essas escolhas estéticas do diretor criam uma sensação de enclausuramento da protagonista, que se vê presa e envolta a um evento que nem ela e nem o espectador de início compreende. Perkins, dessa forma, consegue relacionar bem o argumento inicial do filme com a sua estética final, entregando um filme bastante digno.
Originalmente publicado em: https://diariodepetropolis.com.br/




