12 Homens e uma Sentença (1957)
- Douglas Moutinho
- 13 de jun. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de set. de 2024
Uma retórica interior
No filme, todo o corpo do júri é um indivíduo apenas, que se confronta com indagações microcósmicas.
12 Homens e uma Sentença (12 Angry Men) é um filme estadunidense de 1957, dirigido por Sidney Lumet e roteirizado por Reginald Rose. É estrelado por Henry Fonda, Lee J. Cobb e Martin Balsam. O longa obteve três indicações ao Oscar (melhor filme, diretor e roteiro adaptado) e venceu o Urso de Ouro do Berlinale.
O filme conta a história de doze jurados que se encontram para decidir a sentença de um porto-riquenho acusado de matar o próprio pai. Uma sentença, a princípio fácil, se torna um complexo ensaio sobre a moral e as motivações sobre o ato de condenar. Com onze jurados considerando o réu culpado e apenas um, Davis (Henry Fonda), o considerando inocente, Davis se vê na incumbência de ter certeza (convencer ou ser convencido) da inocência ou da culpa do réu.

Como a sentença apenas poderia ser proferida caso a votação fosse unânime entre os doze jurados votantes, o voto em oposição à sentença dado por Davis faz com que seus onze colegas fossem forçados a questionar sua moral e valores. Através desses questionamentos, o filme levanta a questão do poder de mudança de uma só pessoa e explora a construção do consenso entre pessoas com personalidades tão diversas.
No entanto, tema comum já explorado diversas vezes na arte, a facilidade em condenar a morte quando não se tem estabelecidos vínculos com o condenado e quando não se é o agente da ação de matar. Esse tema é apresentado no filme de forma até sutil, quando as identidades individuais, ou seja, os nomes dos jurados (excetos dois), não são revelados. Não é importante nomear personagens quando apenas o que interessa é a sentença. Na cosmologia do filme, todo o corpo do júri é um indivíduo apenas, que se confronta com indagações microcósmicas. Os personagens são então partes constituintes de um organismo, interligados e trabalhando em detrimento de uma única solução e decisão. O júri se estabelece como o macrocosmo e os personagens como partes constituintes desse macrocosmo. Suas personalidades individuais são pouco importantes, pois na cosmologia do filme eles são apenas um. Essa característica de conjunto se torna bastante evidente quando praticamente todo o longa é filmado de forma que fosse possível enquadrar a maioria (ou todos) os doze personagens em cena.

Curiosamente, essa forma não é comumente vista no cinema, retratando assim um pouco da genialidade da obra. No entanto, sob esse viés analisado, um filme que se aproxima de 12 Homens e uma Sentença é Divertidamente (2015), da Pixar, onde partes constituintes de uma “mente” dialogam e decidem sobre a vida do seu macrocosmo, no filme, a menina Riley. O personagem de Henry Fonda, então, se estabelece como uma consciência perante os sentimentos dos seus companheiros, sentimentos esses quase alegóricos.
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