top of page

Moana 2 (2024)

Atualizado: 17 de dez. de 2024

Um exemplo de equilíbrio na arte da continuidade


Não é de se estranhar que o cinema norte-americano, em diversos momentos, recorra às sequências como uma estratégia mercadológica para perpetuar e comercializar uma narrativa previamente estabelecida. Em um contexto onde a lógica capitalista predomina, e o filme é, em última instância, um produto destinado à maximização do lucro, é natural que essa prática resulte, em algumas ocasiões, em produções desinteressantes e com uma sensação de artificialidade ou "forçação". A continuidade de uma história previamente "concluída" exige um nível de dedicação e criatividade excepcionais, de modo que a produção subsequente se apresente como uma extensão coerente e convincente da obra original. Moana 2 consegue concretizar essa tarefa de forma hábil e equilibrada.

Moana 2 (crítica)

A cautela, aliada a um receio implícito de subverter os elementos essenciais do filme original, torna-se um traço marcante desta sequência. A personagem Moana mantém-se como uma das figuras mais complexas e fascinantes do repertório da Disney, com suas virtudes imutáveis, como o respeito pelas tradições e pelos ancestrais, a coragem inabalável, a valorização da família, a amizade e o auto-sacrifício, características que, no primeiro filme, a tornaram ícone, e que são mantidas e aprofundadas nesta nova entrega. A comédia, por sua vez, segue sendo funcional, alinhada com o tom da narrativa, e as canções, tão envolventes quanto na obra predecessora, preservam o caráter imersivo da experiência. A interação entre os personagens antigos e os recém-introduzidos não só enriquece a trama, mas também fortalece a continuidade emocional que caracteriza a franquia.

Na trama que se desenrola, Moana se aventura mais uma vez ao lado de Maui, com o objetivo de unir os povos do oceano, três anos após os eventos do filme original. A cultura polinésia segue sendo o eixo central da narrativa, mantendo-se fiel aos alicerces do primeiro longa. Essa adesão ao universo estabelecido pode ser interpretada, à primeira vista, como um sinal de "preguiça" ou "medo" de inovar, porém, é possível argumentar que o filme atinge com eficácia o seu propósito, ao agradar tanto aos fãs da primeira produção quanto ao apresentar uma nova aventura cativante e enriquecedora, voltada especialmente ao público infanto-juvenil.

Moana 2 (crítica)

É imperativo reconhecermos que a busca incessante por mudanças e inovações se configura como um dos traços mais evidentes da contemporaneidade. No entanto, seria um equívoco crasso conceber a qualidade artística exclusivamente como um atributo da inovação. Se assim fosse, deveríamos desconsiderar toda a produção artística de civilizações antigas, como a egípcia, cujas práticas milenares de criação e expressão, embora marcadas por uma relativa repetição, demonstram uma excelência estética, técnica e simbólica inquestionável. A grandeza da arte não reside apenas na busca por novidade, mas na capacidade de reinterpretar e reconfigurar elementos com profundidade e significado atemporais.

Comments


© 2022 Perfil Cinéfilo: curso de cinema, crítica cinematográfica, curso de história do cinema

  • Instagram
  • Lattes
bottom of page