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A Substância (2024)

Um olhar sobre a efemeridade da beleza física


O filme A Substância, dirigido pela cineasta Coralie Fargeat, é uma obra de terror que se insere no subgênero do body horror, caracterizado pelo medo relacionado ao corpo humano. Embora as origens desse estilo cinematográfico remontem à década de 1950, ele ganhou maior notoriedade com os filmes do canadense David Cronenberg (A Mosca, Videodrome, Crash) e com o movimento francês do início dos anos 2000, o Novo Extremismo. Filmes como Mártires e A Invasora chocaram o público nos festivais de cinema, solidificando a popularidade do gênero.

Filme: A Substância | Crítica

A Substância segue as convenções desse tipo de cinema, oferecendo ao público uma experiência de terror com forte apelo gráfico e corporal, além de uma crítica social e elementos de entretenimento. No entanto, o filme também subverte o gênero ao incorporar elementos estéticos de programas de ginástica, o que se encaixa perfeitamente na proposta do enredo.

A história gira em torno de Elizabeth Sparkle (Demi Moore), uma renomada apresentadora de um programa de aeróbica. Após ser demitida devido à sua idade avançada, ela entra em desespero até ser abordada por um laboratório que oferece uma substância capaz de transformá-la em uma versão "aperfeiçoada" de si mesma. Ela aceita a proposta, mas logo se vê lidando com as consequências de sua escolha e com a presença constante de Sue, sua versão aprimorada. O filme se debruça sobre três aspectos principais, que explorarei brevemente nos próximos parágrafos.

Filme: A Substância | Crítica

Primeiro, o filme aborda a maneira como a sociedade impõe um prazo de validade em certas áreas profissionais. Embora essa realidade seja apresentada como um fator desencadeante de consequências pessoais graves, também é possível interpretá-la de uma forma mais ampla. Ao escolher uma profissão focada apenas na aparência, Elizabeth acaba se tornando vítima do processo natural de envelhecimento do corpo, o que a leva a enfrentar o desajuste causado por essa escolha.

Segundo: o livre arbítrio, o qual permeia todas as escolhas humanas. Seguidamente, Elizabeth cede à pressão da sociedade, negligenciando a si mesma em prol da adequação. Embora houvesse a coerção do meio, a todo momento a opção de interromper o procedimento era apresentada à protagonista, a qual, mesmo já conhecendo as consequências de suas escolhas, opta por continuar.

Filme: A Substância | Crítica

Por fim, o aspecto gráfico. O body horror, como mencionado, trabalha com imagens corporais que podem ser desconcertantes para o público, gerando estranhamento. No entanto, esse elemento visual é essencial para a narrativa, buscando chocar o espectador com imagens fortes e explícitas, o que justifica sua classificação indicativa de 18 anos.

A Substância é uma grata surpresa deste ano, apresentando ao público uma rica tradição do subgênero de terror. Ao mesmo tempo, o filme mantém o espectador cativado ao longo de suas mais de duas horas de duração, graças ao seu enredo envolvente e imagens criativas, além de provocar reflexões sobre a sociedade e o livre arbítrio.

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