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Robô Selvagem (2024)

Uma Jornada Entre o Tecnológico e o Primordial


Robô Selvagem emerge como uma das produções mais marcantes do estúdio DreamWorks, cujo histórico é caracterizado por uma certa volatilidade criativa. O estúdio, que em alguns momentos nos presenteia com pérolas cinematográficas como as sequências de O Gato de Botas e Como Treinar o Seu Dragão, também é responsável por produções menos memoráveis, como O Poderoso Chefinho 2: Negócios de Família e Ruby Marinho. Contudo, em Robô Selvagem, a DreamWorks alcança um novo patamar, entregando uma das obras mais belas e profundas de sua filmografia.

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Embora seu enredo aparente simplicidade, Robô Selvagem revela uma narrativa de múltiplas camadas, que convida o espectador tanto à contemplação quanto à reflexão crítica. O filme acompanha a trajetória de Roz, uma robô que desperta em um mundo habitado exclusivamente por animais e passa a interagir com a natureza de maneira intensa e transformadora. Programada originalmente para servir aos seres humanos, Roz se depara com a necessidade de transcender sua própria programação após um incidente que a une profundamente a Bico-Vivo, um filhote de ganso que apresenta asas menores do que o normal. Diante da missão de garantir a sobrevivência do pequeno ganso, Roz assume o papel de mãe, empenhando-se em ensiná-lo três habilidades fundamentais para a espécie: alimentar-se, nadar e voar. Com o auxílio de uma raposa chamada Fink, o trio improvável embarca em uma jornada para preparar Bico-Vivo para a migração de inverno, condição indispensável para sua sobrevivência.

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A narrativa, que começa de maneira aparentemente singela, se desenvolve em uma trama rica, abordando questões como coragem, pertencimento, altruísmo, amizade, família, superação e ecologia. A força de Robô Selvagem reside precisamente em sua capacidade de tratar esses temas universais e atemporais com profundidade e maturidade, sem recorrer a clichês ou a tendências contemporâneas passageiras. Nesse aspecto, o filme se aproxima mais das animações orientais, conhecidas por suas histórias envolventes e significativas, em contraste com muitas produções ocidentais que, frequentemente, abordam seus temas de maneira superficial, efêmera e apelativa.

Visualmente, a estética de Robô Selvagem se distancia das convenções estabelecidas pelo estilo 3D popularizado pela Pixar. Ainda que não seja tão ousada ou estilizada quanto O Gato de Botas 2, a animação oferece uma ambientação detalhada, cativante e plenamente integrada ao universo que retrata, proporcionando uma experiência visual rica e imersiva.

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Robô Selvagem desponta como uma grata surpresa, evocando a memória de épocas em que salas de cinema eram preenchidas por crianças e pais encantados por animações inesquecíveis e inspiradoras como O Rei Leão e Toy Story. Em um momento em que muitos pais hesitam em levar seus filhos ao cinema para assistir às animações mais recentes graças aos conteúdos por vezes pouco agregadores, esta obra se apresenta como uma excelente oportunidade para compartilhar momentos de diversão em família, enquanto se contempla uma produção que pode ser considerada uma das melhores animações dos últimos anos.

 
 

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